MVP é abreviação do conceito minimum viable product que, em português, representa o produto mínimo viável. São apenas três letras que carregam um significado muito importante para empreender com sucesso. O MVP é a versão mais simples de um produto que será criada e disponibilizada aos usuários para validar uma ideia e coletar dados imprescindíveis para validar o direcionamento do negócio.
Esse conceito surgiu no Vale do Silício, região que abriga muitas startups e empresas de tecnologia, e ganhou mais força após a publicação do livro The Lean Startup ou A startup enxuta (relançado pela editora Intrínseca em 2019), do autor Eric Ries.
Pense grande, comece pequeno, aprenda rápido: Tweet This.
Pense grande, comece pequeno, aprenda rápido: essa é a proposta de valor do produto mínimo viável. Então, em outras palavras, ele representa uma nova forma de criar e evoluir produtos, entregando somente o mínimo viável, para validar a ideia com os usuários o mais rápido possível e melhorar o produto com os feedbacks recebidos. Ao entregar o mínimo viável, é possível levar o produto ao mercado mais rápido, minimizar os gastos de tempo e recursos e evoluir o produto baseado na necessidade real dos seus usuários.
O conceito de MVP tem sido fundamental na trajetória de milhares de empreendedores que buscaram (e conseguiram!) lançar produtos fantásticos. Alguns exemplos de sucesso que aposto que você conhece são a Apple com o iPhone, o Facebook, o Spotify, o Airbnb, a Easy Taxi, e muitos outros negócios que começaram pequeno, com seus idealizadores trabalhando dessa forma, e ganharam o mundo com o tempo.
Mas, afinal, como decidir o MVP?
Como encontrar o equilíbrio entre o mínimo e o produto?
Onde e como surgiu o conceito de MVP?
Como funciona o MVP
O que quer dizer validar o MVP?
Conheça alguns exemplos de MVP
Mais histórias de MVPs de sucesso
Tipos de MVP
Quando pivotar?
Erros mais comuns na criação de um MVP
Canvas MVP: uma ferramenta essencial
Outros pontos importantes ao preencher o Canvas MVP
Como estabelecer hipóteses para o MVP?
Construir, medir, aprender
Como saber se o meu Plano de MVP está pronto?
Mas, afinal, como decidir o MVP?
O produto mínimo viável é a forma com a qual times ágeis e startups criam, validam e evoluem seus produtos e negócios. O MVP é o primeiro passo para encantar usuários e clientes com o produto ideal para atender suas necessidades, ainda que em uma versão mais simples. Mesmo que o produto final, após todas as evoluções e incrementos, seja algo muito mais complexo, lançar esse mínimo no mercado será essencial para descobrir se o caminho está correto ou se é preciso mudar (pivotar) o direcionamento.
O produto mínimo viável é a forma com a qual times ágeis e startups criam, validam e evoluem seus produtos e negócios. Tweet This.
Mas é importante ter em mente: para entregar o mínimo viável, você precisa deixar muitas funcionalidades para depois. Então o primeiro passo é compreender e priorizar o que compõe esse produto mínimo viável sem comprometer a qualidade do que será entregue ao usuário. Você pode (e deve) sonhar com um super produto de sucesso, repleto de funcionalidades, mas deve ser realista. Enquanto ele não existe, tudo não passa de uma hipótese de negócio — e o MVP é a forma mais rápida de validar essa hipótese e a proposta de valor da sua ideia.
Como encontrar o equilíbrio entre o mínimo e o produto?
Isso é quase como brincar de gangorra, pois é necessário encontrar o equilíbrio ideal, sem pesar para nenhum dos lados.
Quanto menor o MVP, ou seja, quanto mais mínimo ele for, menor será o produto. Em contrapartida, quanto maior o produto for, ou seja, quanto mais funcionalidades ele tiver, mais tempo e esforço ele demanda, provavelmente criando além do mínimo viável para validar algo.
É difícil definir o MVP. Assim como na brincadeira de criança, a gangorra vai ficar oscilando de um lado para o outro. Às vezes o produto vai um pouco além do necessário; outras vezes o mínimo vai ficar um pouco aquém do produto esperado. Mas essa gangorra tem dois lados e, se faltar um, não formará um MVP.
Imagine a gangorra sem o produto. Somente fazemos o mínimo para validar um modelo de negócio. Isso é excelente, estamos validando… melhor impossível. Entretanto, se não existe produto, isso não é um MVP. Não tem o P de produto. Isso é um experimento. Um MV, um mínimo viável para validar algo.
Agora imagine a gangorra quando não existe um mínimo. Por algum motivo, cria-se uma lista de requisitos e funcionalidades para o produto. Uma lista que não tem nada de mínimo, com várias coisas a serem construídas. Mais uma vez, isso não é um MVP, mas sim um VP, um produto viável. Alguém fez um plano para a construção de um produto e não está seguindo o estilo de MVP.
Mas qual o mínimo viável? Como alinhar e planejar a criação do MVP? Ao seguir o passo a passo da Lean Inception e utilizar o Canvas MVP, você conseguirá alinhar, entender e criar o produto mínimo viável. É imprescindível saber equilibrar essa gangorra para, então, investir na criação e na evolução de um produto ou serviço.
Onde e como surgiu o conceito de MVP?
A ideia de MVP está originalmente vinculada às ideias popularizadas pelo sistema Toyota de Produção, a origem da manufatura enxuta. Steve Blank, empreendedor em série do Vale do Silício e acadêmico de empreendedorismo, criou uma metodologia baseada no desenvolvimento do cliente.
Isso foi o início do movimento Lean Startup, o qual teve seu ápice com Eric Ries e o lançamento do seu livro. Mas mesmo antes da obra se popularizar, o termo estava em uso vários anos antes do surgimento do movimento, especialmente entre as startups, os empreendedores e investidores do Vale do Silício. Por exemplo, a expressão minimum viable product apareceu pela primeira vez em 2000, em um artigo de Willian Junk, chamado, em tradução livre, O equilíbrio dinâmico entre custo, cronograma, recursos e qualidade em projetos de desenvolvimento de software.
Como funciona o MVP
Se você trabalha com MVP, significa que está aberto a validar hipóteses, a falhar e a aprender rápido. Tweet This.
Nesse contexto, menos é mais, ou seja, não desperdice tempo, dinheiro e esforço criando o produto errado. Valide logo a sua ideia, a sua hipótese, com o MVP para caminhar com certeza no caminho correto.
O produto final pode contemplar mais de um objetivo de negócio, atender vários tipos de usuários e ter muitas funcionalidades. Mas um MVP deve validar uma hipótese, comprovar uma ideia e verificar se atende o que é esperado pelos clientes da forma mais simples possível.
M é de mínimo, por isso, muito provavelmente, há somente uma hipótese, somente um pequeno aspecto do negócio para um segmento específico de usuários, com apenas uma ou poucas funcionalidades.
Por exemplo, veja na imagem a seguir a representação de um produto elaborado via MVP. Cada caixa pequena é um MVP validado via o feedback de uso, o interesse do negócio e as possibilidades técnicas.

Representação de um produto elaborado via MVP
O produto começa simples, depois vai crescer e ter mais funcionalidades (representadas na imagem pelas caixas empilhadas). Isso acontece de MVP validado em MVP validado. Ou seja, cada adicional do produto deve passar pela validação; não acrescente ao produto algo que não tenha sido testado e comprovado.
E o que quer dizer validar o MVP?
Validar é o ato de demonstrar que algo realmente funciona de forma efetiva. A validação de uma ideia ou de uma hipótese via um MVP consiste em fornecer evidências de que os dados de uso do MVP comprovam a hipótese, demonstram que vale a pena perseguir a evolução do produto, do negócio, com base na ideia inicial.
O produto é construído de forma gradual, com funcionalidades validadas sendo adicionados ao produto consolidado já existente. A entrega contínua e incremental proporciona o aumento do valor do produto ao longo do tempo, enquanto o processo de criação tradicional não fornece qualquer valor até o final, quando todo o projeto está pronto.
Podemos criar uma metáfora para ilustrar o exemplo: um MVP para atravessar um rio. Uma solução simples para atravessar um pequeno riacho é colocar uma viga de madeira conectando as margens. E isso é um excelente exemplo de MVP! Além de permitir a travessia, é uma maneira simples para validar o local para a construção da ponte. Coloque algumas vigas de madeira em diferentes locais do riacho e depois verifique qual delas é a mais utilizada para a travessia.
O MVP promove uma abordagem incremental em que apenas uma pequena parte das hipóteses gerais são tratadas ao mesmo tempo. Cada uma das hipóteses é projetada, criada e preparada para ser adicionada ao produto, para gerar dados úteis para a tomada de decisão, aprendizagem e validação delas.
Em essência, uma ideia (ou grandes hipóteses de negócio) é sequenciada em uma série de hipóteses menores, mais simples, e, logo, mais fácil de entender e realizar. Como resultado, as hipóteses mais simples são elaboradas mais rapidamente, e disponibilizadas no produto para o usuário final. Por exemplo: se tivesse uma ponte neste local, quantos pedestres a usariam por semana?
Nesse caso, o usuário final (ou quem valida o MVP) fornece dados para a validação do incremento do produto. A validação é essencial, por duas razões: 1. correções e mudanças podem ser feitas em um estágio inicial do projeto, em vez de só aparecerem quando ele estiver mais elaborado, reduzindo assim o risco do produto e 2. a complexidade de análise das hipóteses é reduzida.
Os idealizadores do produto e o usuário final têm acesso antecipado a algo funcional e viável. Assim, as decisões dos próximos passos e incrementos do produto são baseadas nele próprio, em vez de serem hipóteses sobre outras hipóteses. E esse padrão de trabalho permite a construção de produtos muito elaborados, com passos pequenos, porém bem fundamentados.
Conheça alguns exemplos de MVP
Você pode não saber, mas conhece vários exemplos famosos de MVP como, por exemplo: o IPhone, o Facebook, a Easy Taxi, o Dropbox e a Zappos.
E é muito importante conhecer essas histórias pois, ao explicar o que é MVP para pessoas que não são das áreas de empreendedorismo ou tecnologia, fica muito mais fácil quando se tem um exemplo desse porte nas mangas. Ademais, você pode e deve se inspirar nesses grandes negócios que começaram com produtos mínimos viáveis como o seu!

Exemplo de MVP: iPhone
Exemplo de MVP para startups
Com o Facebook foi a mesma coisa! O que começou como um site simples, que servia apenas para alguns amigos compartilharem suas fotos, foi ampliado e incrementado até chegar na rede social que é usada por milhões de pessoas ao redor do mundo.

Exemplo de MVP – Facebook
E podemos trazer esses exemplos ainda mais próximos de nós, ao falar de um negócio brasileiro bem-sucedido: a Easy Taxi. Antes de criar o aplicativo, a startup validou a hipótese de que existia demanda para chamar um táxi de forma on-line. Os fundadores fizeram isso por meio de uma página web na qual a pessoa colocava as informações para pedir o taxi — e, então, os fundadores recebiam um e-mail e ligavam para uma cooperativa táxi em nome da pessoa. Gradualmente, o negócio evoluiu para uma incrível história de sucesso.
Exemplo de MVP de serviços
Como você já sabe, o objetivo principal de um MVP é evitar o risco de construir produtos ou serviços que ninguém deseja.
Eu trabalho com produtos digitais, por isso, a grande maioria de MVPs que já implementei, ou ajudei times e empresas a implementar (via a Lean Inception), foram MVPs de produtos. Mas também recebo muitos feedbacks de leitores do livro Lean Inception sobre mínimos viáveis para serviços.
Um exemplo que achei fascinante foi o uso de MVP como serviço de autuação para despoluição de grandes indústrias. Essa ideia foi de uma agente fiscal responsável pela fiscalização, autuação e plano de despoluição de grandes indústrias. A agente era esposa de uma pessoa da área de produtos digitais que havia comprado o meu livro. Ela o leu e começou a aplicar o conceito de MVP na sua área de atuação.
Antes de ler o livro e entender o conceito de produto mínimo viável, a agente autuava a grande indústria e apresentava um plano de despoluição. Algo como: “em até um ano, a empresa precisa cumprir todos os itens abaixo senão receberá uma multa de 100 mil reais por mês”:
- Adicionar filtros no padrão XPTO nas duzentas máquinas que despejam resíduos líquidos no rio;
- Mudar toda a tubulação de esgoto;
- Adicionar mais cem dutos de ventilação;
- Enviar todos os funcionários para o treinamento sobre o cuidado ambiental com os lençóis freáticos e rios.
Usando o conceito que estamos explorando aqui — e que é o personagem central do meu livro —, a agente elaborou um plano de MVP, o mínimo viável, para validar se a indústria ia fazer um movimento na direção de reduzir a poluição. Algo como: “Você precisa implementar as seguintes ações em até dois meses, senão receberá uma multa progressiva, começando com 10 mil reais por mês (aumentando 10 mil a cada mês até o valor de 100 mil reais por mês)”:
- Adicionar filtros no padrão XPTO em cinco das duzentas máquinas que despejam resíduos líquidos no rio;
- Adicionar mais cinco dutos de ventilação;
- Enviar 5% dos funcionários para o treinamento sobre o cuidado ambiental com os lençóis freáticos e rios.
O resultado: para a maioria das empresas, os problemas eram resolvidos mais rapidamente, as multas eram menores. Para poucas empresas, a multa de 100 mil reais começava a chegar mais cedo e outros órgãos e agentes passavam a atuar com mais agilidade, uma vez que essa empresa já estava a mais tempo na lista das que não responderam às mudanças determinadas.
Mais histórias de MVPs de sucesso
E como não faltam exemplos, vou apresentar mais dois para você se familiarizar ainda mais com as vantagens de se fazer um MVP. Confira sobre o Dropbox e a Zappos.
Os fundadores do Dropbox eram engenheiros de software que estavam lidando com o desafio de integrar uma variedade de plataformas de computador e sistemas operacionais, como Windows, Macintosh, Linux etc. Com a minha experiência de desenvolvedor, posso dizer que nos anos 2000 isso não era uma tarefa fácil. Embora hoje esteja mais simples, naquela época a computação em nuvem estava apenas começando.
Mas, se a hipótese fosse validada, ela seria uma das maiores vantagens competitivas do Dropbox: seu produto funcionaria de forma integrada em toda e qualquer plataforma!
Além dos esforços de desenvolvimento de produto, os fundadores precisavam de feedback dos possíveis usuários, precisavam saber se eles usariam e pagariam por tal produto. Eles acreditavam na ideia e sabiam que ela era inovadora, porém era preciso confirmar para os investidores se aquele desafio seria verdadeiramente útil para usuários de tecnologia que não entendiam sobre os “bastidores” das plataformas e dos aplicativos.
Então, os fundadores do Dropbox precisava testar sua premissa básica. Se o Dropbox fosse capaz de fornecer uma experiência incrível aos usuários, as pessoas dariam uma chance ao produto? Pagariam por ele? A empresa acreditou e conseguiu validar que a resposta a essas perguntas é sim!
Descobriram que a sincronização de arquivos era um problema que a maioria das pessoas não sabia que tinha. E depois de experimentar a solução, você não consegue imaginar como já viveu sem ela… é imprescindível ter o mesmo arquivo salvo e disponível em qualquer dispositivo, em qualquer sistema operacional e plataforma!
Mas o fato mais surpreendente é que eles provaram isso muito antes de o produto estar em uso. Eles tinham um vídeo demonstrando como o Dropbox funcionava. Um vídeo simples, de três minutos, que foi criado e publicado no Digg, uma plataforma conhecida na época por seu conteúdo de tecnologia.
Assim que o conteúdo foi lançado, a lista de inscrições para receber o produto na sua versão beta (versão para os early adopters, antes do lançamento oficial) explodiu: eles passaram de 5 mil para 75 mil da noite para o dia.
Esse nível de interesse validou a hipótese de que os fundadores do Dropbox precisavam ter certeza antes de prosseguir com um lançamento completo. As pessoas estavam muito interessadas em sua incrível ideia de produto e, tão importante quanto, essa validação atraiu o interesse dos investidores do vale do silício.
Já a Zappos é outro excelente exemplo do Vale do Silício, e me lembro dessa história dos anos em que morei lá.
O nome Zappos, vem de sapatos em espanhol, zapatos. O fundador da Zappos teve uma ideia e queria testá-la antes de gastar tempo e dinheiro (ou melhor, antes de pedir uma quantia de capital de risco). Ele realmente gostava de tênis e costumava comprar alguns legais por meio de catálogos, pois não conseguia encontrar todos na sapataria próxima. Então ele teve a ideia: “e se eu criar um site de venda de calçados on-line?” — lembre-se de que isso ocorreu em 1999.
Então ele criou o zappos.com, um site muito simples, com apenas algumas fotos de sapatos com descrição e uma forma simples de pagamento (via cartão de crédito). Mas ele começou sem nenhum estoque de calçados ou uma solução de e-commerce mais elaborada no site.
Ele tirava fotos de alguns tênis em uma loja de sapatos perto de seu apartamento. Em seguida, fazia o upload para o site (mesmo preço da loja). Uma vez que houvesse uma venda, ele compraria e enviaria ao cliente. Simples assim!
E com esse produto mínimo, mas viável, muitos usuários começaram a comprar tênis on-line e ele validou que era uma ideia incrível. A empresa atraiu VCs e grandes talentos e, alguns anos após seu lançamento MVP, foi vendida por uma quantia muito boa para a Amazon.com.
Tipos de MVP
Lembre-se de que os MVPs não garantem sucesso. MVPs são projetados para testar as suposições de um problema que queremos resolver sem investir demais.
Para tanto, existem alguns tipos de MVP. Sim, existem vários tipos e é muito importante conhecer os prós, os contras e exemplos de cada um quando estiver montando o seu! Para isso, acesse este post da Caroli.org, pois esse conhecimento vai lhe ajudar a escolher sua estratégia inicial.
Quando pivotar?
Não gaste tempo, dinheiro e recursos construindo a solução errada, o produto errado. O MVP fornece aprendizado, insights sobre seu mercado e seus usuários. Assim que você perceber que está indo na direção errada, assim que perceber que suas hipóteses não estão confirmadas, é hora de mudar.
Pivotar não é desistir. Pivotar é ajustar a direção do seu produto. Segundo o autor de Lean StartUp, Eric Ries, pivotar é mudar a estratégia sem mudar a visão. Eric Ries compartilha que você pode pivotar seu negócio de 10 maneiras diferentes:
- Pivô de zoom in: uma única feature do seu produto se torna o produto inteiro.
- Pivô de zoom out: seu produto atual se torna uma única feature de um produto maior.
- Pivô do segmento de clientes: seu produto é reposicionado para um segmento diferente de cliente.
- Pivô da necessidade do cliente: Seu produto é ajustado com base em uma maior compreensão ou novas revelações sobre as necessidades de seu cliente.
- Pivô de plataforma: seu produto é entregue em uma plataforma diferente.
- Pivô da arquitetura de negócios: você ajusta seu produto e seu negócio de alta margem e baixo volume para baixa margem e alto volume. Ou o contrário.
- Pivô de captura de valor: seu produto muda a forma de cobrança de seus clientes.
- Pivô de motor de crescimento: sua estratégia de crescimento muda para alcançar um crescimento mais rápido ou mais lucrativo.
- Pivô de canal: você muda como e onde vende seu produto.
- Pivô de tecnologia: você altera a tecnologia sobre a qual seu produto é construído.
>> Assista este vídeo: Eric Ries explica o pivô.
Erros mais comuns na criação de um MVP
E já que um MVP sozinho não garante sucesso, é importante evitar erros que são muitos comuns durante a criação dele.
Erro 1 — Pensamento unilateral
O erro mais comum na criação de um MVP é pensar de forma unilateral. Por exemplo: pensar somente no desafio de tecnologia, ou somente no que encantaria o usuário, ou então só naquilo que valida o seu negócio.
Essas três perspectivas são essenciais para elaborar o MVP: tecnologia (factível), experiência (usável) e negócio (valioso).
O MVP está na interseção entre valioso, usável e factível, representando, respectivamente, o interesse do negócio, a aceitação (e admiração) dos usuários e o que é possível construir. Tweet This.

O MVP está na interseção entre valioso, usável e factível
- Valioso: Empreendedores pensam no valor comercial de um produto. Tipicamente, essas pessoas têm uma visão do negócio e pensam nos MVPs como um passo a passo incremental para a criação do produto. Nesse contexto, as pessoas de negócio influenciam o MVP para que, mesmo sendo mínimo, já alcance o retorno do investimento esperado (ou, pelo menos, demonstre que está na direção desejada para o negócio).
- Usável: Toda e qualquer funcionalidade deve ser elaborada segundo as necessidades, os desejos e as limitações dos usuários. Algo usável é baseado em uma compreensão explícita das pessoas, de suas tarefas e dos ambientes em que estão inseridos
- Factível: A solução proposta para atender o negócio e os usuários só faz sentido se for exequível, se existe tecnologia e conhecimento para a elaboração da mesma. Não faz sentido definir um MVP se você não souber como ele será construído.
Erro 2 — Busca do MVP perfeito
Outro erro ao usar MVP é tentar criar algo perfeito. Mas não se esqueça de que o MVP não é perfeito!
Perfeito, do latim, quer dizer “feito até o fim”. E o MVP não é o produto completo, não está acabado, com todas suas possíveis funcionalidades. Ele é o mínimo, o mínimo viável que o usuário pode usar. O mínimo viável para fornecer insights para o negócio sobre o direcionamento do seu produto.
O MVP não é perfeito, mas sim o mínimo viável para fornecer insights para o negócio sobre o direcionamento do seu produto. Tweet This.
MVP é feito. Feito é muito melhor que perfeito, especialmente no contexto de cultura de inovação, incerteza e aprendizagem rápida. Vide os exemplos do iPhone e da Easy Taxi, que começaram como produtos incompletos, longe de serem perfeitos.
Erro 3 — MVP sem fator “uau”
O MVP não é perfeito, mas deve ser incrível. Ele precisa do fator “uau”. Essa característica é aquilo que diferencia o seu produto no mercado, aquilo que conquista seus usuários e os transforma em ávidos promotores do produto. Aquilo que, literalmente, faz as pessoas dizerem “uau!”
Pense no iPhone quando foi lançado. Ele tinha o fator “uau”. Seus usuários falaram: “UAU! Tela cheia, touch screen… olha que legal!”. Pense nas primeiras pessoas que pediram táxi via um site. Elas falaram: “UAU, foi só colocar meu endereço, clicar e o táxi chegou!”.
O fator “uau” é importante para um produto de sucesso e, para um MVP, é mais importante ainda! Voltemos novamente ao exemplo do iPhone 1, o MVP do iPhone. Ele não tinha aplicativos de terceiros (a plataforma de aplicativos nem estava pronta) e nem integração com GPS, e as ligações eram piores do que nos aparelhos concorrentes.
Mas o iPhone 1 tinha o fator “uau”. As pessoas usavam e davam feedback. Seus usuários — os early adopters — eram os principais promotores do produto. As pessoas fizeram fila para o lançamento do iPhone 2, do iPhone 3, e assim por diante. Isso por causa do fator “uau”, que transforma usuários em promotores, ampliando a expectativa e o desejo para o próximo lançamento.
Assim deve ser com os MVPs. Cada um deve ter os fatores factível, valioso, usável e “uau”.

Construção do Produto Mínimo Viável
A imagem acima reitera a importância desses quatro fatores. O MVP é uma fatia fina do produto, contendo cada um desses fatores. Não pense nele como uma camada do produto (a figura à esquerda); por exemplo, não entregue primeiro o que é factível, para depois elaborar outro fator, depois outro e, por fim, buscar o fator “uau”.
Construa o MVP conforme demonstrado na figura à direita, uma fatia pequena da visão do todo, que contempla os quatro fatores.
Canvas MVP: uma ferramenta essencial
O Canvas MVP é dividido em sete blocos e você pode acessar este link para fazer o download dele. A seguir, as perguntas que devem ser respondidas em cada um deles, na ordem indicada:
- Proposta do MVP: Qual é a proposta deste MVP?
- Personas segmentadas: Para quem é este MVP? Podemos segmentar e testar este MVP em um grupo menor?
- Jornadas: Quais jornadas são atendidas ou melhoradas com este MVP?
- Funcionalidades: O que vamos construir neste MVP? Que ações serão simplificadas ou melhoradas neste MVP?
- Resultado esperado: Que aprendizado ou resultado estamos buscando neste MVP?
- Métricas para validar as hipóteses do negócio: Como podemos medir os resultados deste MVP?
- Custo e Cronograma: Qual é o custo e a data prevista para a entrega deste MVP?
Outros pontos importantes ao preencher o Canvas MVP
Foque na proposta
Quanto mais focado for o MVP, melhor. Ele deve validar uma necessidade para um segmento de personas e uma hipótese do negócio, e geralmente essas características estão relacionadas. Entretanto, em alguns contextos, o MVP é mais abrangente. Seja qual for o seu cenário, seja claro sobre a proposta dele. Pergunte-se até ter certeza: Qual é a proposta deste MVP?
Minimize os riscos com personas segmentadas
Para quem é este MVP? Podemos segmentar e testar esse MVP em um grupo menor?
Ao responder essas perguntas, o time deve conversar sobre a liberação do MVP e sobre como minimizar os riscos dele. Por exemplo, a equipe pode decidir que um MVP ficará restrito a um grupo reduzido de pessoas e que o mesmo conjunto de funcionalidades somente será liberado para um grupo mais abrangente depois da verificação do resultado esperado. Por exemplo, validar a hipótese somente numa vizinhança antes de abrir o serviço em toda a cidade.
Melhore a experiência nas jornadas
Quais jornadas são atendidas ou melhoradas com este MVP?
A jornada mapeia a experiência que você fornece aos seus usuários. A resposta dessa pergunta demonstra, claramente, o que o seu produto está fornecendo no MVP.
Durante o preenchimento do Canvas MVP, a conversa sobre jornadas deve ser bem focada. Nesse momento, somente as jornadas das personas segmentadas atendidas ou melhoradas no MVP são avaliadas e anotadas.
Se você tiver dificuldade em descrever ao menos uma jornada, reavalie — talvez seu MVP não contemple nada para nenhuma persona (menor que o mínimo viável). Se você escrever muitas, reavalie também — talvez seu MVP esteja muito abrangente (lembre-se de que o “M” de MVP é de mínimo, não de máximo). Ele não deve atender a todas as jornadas. Elas serão atendidas conforme o produto evoluir.
Decida as funcionalidades do MVP
Você precisa elaborar a lista de funcionalidades para o MVP. Assim que tiver uma lista inicial, faça as seguintes perguntas sobre as funcionalidades:
- Elas são realmente o mínimo?
- Elas vão tornar o produto viável?
- Poderíamos criar algo ainda mais simples?
- Esquecemos de incluir algo essencial para o MVP?
Converse. Faça os ajustes e as alterações necessárias. Ao final, releia o bloco de funcionalidades e verifique se as seguintes perguntas estão respondidas: O que vamos construir neste MVP? Que ações serão simplificadas ou melhoradas neste MVP?
Saiba medir resultados e validar a ideia do produto:Não crie funcionalidades para um MVP se você não souber descrever o que espera como resultado e como medir tais resultados.
Valide as hipóteses do negócio
Tente compreender melhor os seus usuários. Para tanto, planeje coletar dados de uso do MVP que te ajudarão a verificar o resultado/aprendizado desejado.
Depois de definir as funcionalidades do MVP, tente conectá-lo aos resultados esperados e às hipóteses do negócio. O modelo a seguir auxilia com tal declaração:
Nós acreditamos que (esse MVP)
Vai conseguir (resultado esperado).
Sabemos que isso aconteceu com base em (métricas para validar as hipóteses do negócio).
Converse sobre custo e cronograma
Inevitavelmente, logo após você responder o que é o MVP (e isso estará muito bem respondido nos seis primeiros blocos do Canvas MVP), vão lhe perguntar: “Quando?” e “Quanto?”. Afinal, qual o custo e o cronograma para este MVP?
No Canvas MVP, essa pergunta é propositadamente deixada por último, pois só deve ser respondida após os outros blocos serem preenchidos. É importante que todos participem desse momento, conversem e respondam a tal pergunta.
Além do custo da criação, quais outros custos estão associados ao MVP? Por exemplo: temos alguma campanha de marketing associada ao trabalho? Algum outro gasto? Considere as respostas de todas as perguntas que surgirem para detalhar o custo do MVP.
Muitas vezes, associada à pergunta de custo, vem também a pergunta sobre o cronograma. Converse com a equipe técnica e entenda o tempo necessário para a criação das funcionalidades do MVP. Além dessas, o que mais é necessário para o MVP? Algum trabalho de infraestrutura antes de começar no MVP? Existe alguma dependência externa? Tem alguma data ou tempo para isso acontecer? Considere as respostas de todas as perguntas que surgirem para criar o cronograma do MVP.
Como estabelecer hipóteses para o MVP?
Design centrado no usuário, é isso que queremos alcançar. Para criar o MVP, devemos considerar os usuários e as jornadas. Devemos trabalhar nas ações que melhoram ou simplificam suas vidas.
Mas isso não é tudo! É preciso descrever as hipóteses do negócio. Precisamos entender se realmente estamos fazendo progresso, se realmente estamos alcançando o resultado ou o aprendizado desejado.
O modelo apresentado anteriormente auxilia com tal declaração:
Nós acreditamos que (esse MVP).
Vai conseguir (resultado esperado).
Sabemos que isso aconteceu com base em (métricas para validar as hipóteses do negócio). Tweet This.
O modelo acima é uma adaptação do modelo de Jeff Gothelf para o desenvolvimento orientado a hipóteses. A equipe precisa preenchê-lo, pois, se não conseguir completá-lo, não saberá o que esperar do MVP ou não saberá como medi-lo. E, em qualquer um desses dois cenários, o produto estará à deriva, sem direcionamento.
Cabe ressaltar que aprendizado também é um resultado. Para ter aprendizado, porém, precisamos, pelo menos, declarar que “o resultado esperado é o aprendizado”. Então diga em voz alta, para toda a equipe: “Queremos entender melhor, aprender mais sobre isso, aquilo e aquela outra coisa. Para tanto, coletaremos tais dados que nos ajudarão a verificar se estamos alcançando o aprendizado desejado”.
Construir, medir, aprender
Em 1991, James March compartilhou um artigo com suas constatações sobre a relação entre a exploração de novas possibilidades e a receita proveniente de ativos organizacionais já existentes. Seu ponto principal é que uma organização deve fazer as duas coisas consecutivamente: explorar novas possibilidades enquanto ainda consegue receita com as opções atuais existentes.
Vinte anos depois, em 2011, Eric Ries lançou o livro A StartUp Enxuta que diz que:
Uma organização deve aprender e experimentar continuamente por meio de um ciclo construir-medir-aprender
Desde o lançamento do livro Lean StartUp, tenho aplicado o ciclo construir-medir-aprender em muitos contextos e organizações. Percebi uma variação no ciclo construir-medir-aprender dependendo do interesse organizacional por uma determinada iniciativa: exploração de novas possibilidades (Exploration) ou se aprofundar naquilo que já demonstra bons resultados (Exploitation). A imagem abaixo mostra o ciclo construir-medir-aprender para as perspectivas de aprendizagem organizacional de Exploration e de Exploitation (mantive os termos em inglês: Explore – Exploit).

um ciclo construir-medir-aprender para explorar novas ideias, ao lado de um ciclo construir-medir-aprender para aprofundar, por meio da Lean Inception.
No ciclo de Exploração, você deve realizar muitos experimentos. Quanto mais experimentos, melhor. É tudo uma questão de explorar o máximo de opções possível.
De acordo com o artigo, “em comparação com os retornos de se aprofundar naquilo que já apresenta resultados (Exploitat), os retornos da exploração (Explore) são sistematicamente menos certos, mais remotos no tempo e organizacionalmente mais distantes”. … “A essência da Exploração é a experimentação de novas alternativas. Seus retornos são incertos, distantes e muitas vezes negativos. Assim, a distância no tempo e no espaço entre a busca de aprendizagem e a busca de retorno de investimento é geralmente maior no caso de Exploitation do que no caso de Exploration, assim como a incerteza.”
No ciclo de Exploitation, trata-se menos de experimentar e mais de validar. A ideia já está comprovada, os dados já mostram alguns pontos positivos para seguir em frente. Você já conhece as melhores opções. Agora é hora de exercitá-los, de se aprofundar nas possibilidades!
Mas você ainda precisa construir algo pequeno. Algo para validar seus resultados de se aprofundar nas possibilidades. Este é o MVP. E, para decidir e alinhar o MVP, você deve realizar uma Lean Inception.
Como saber se meu plano de MVP está pronto?
Para responder a essa pergunta, recomendo que confira o checklist do MVP que está disponível na Caroli.org. Responda as perguntas para avaliar se está pronto para lançar o seu MVP e, a partir disso, começar a validar o sucesso do seu negócio!
Além disso, na Caroli.org há muitos outros conteúdos sobre o tema, não deixe de conferir para aumentar ainda mais o seu conhecimento e as chances do seu produto dar certo!
- MVP para porte pequeno antes do porte grande?
- Objetivos do Produto, MVP e hipóteses
- [Pequenas Empresas & Grandes Negócios] 5 passos para fazer um produto mínimo viável (MVP)
- Como visão do produto e MVP trabalham juntos?
- Como fazer MVP em projetos com um ciclo longo de aprovação?