Eu sou o Paulo Caroli e este é o Podcast Mínimo Viável, onde compartilho conhecimento sobre as novas relações de trabalho e, assim, contribuo para a transformação de um mundo melhor.
JP Coutinho: Agora, vou chamar aqui para o palco comigo duas pessoas queridas, dois amigos queridos, Patrícia Bobbato e Victor Cobo. A Patrícia é Diretora de Pessoas, Comunicação Interna e Sustentabilidade da Tigre. Já fizemos vários trabalhos juntos incríveis, usando esse mindset ágil com o time da Patrícia. Victor também um querido amigo, já compartilhamos momentos incríveis de conhecimento nos TDCs, nos eventos da vida, então, felicidade receber vocês aqui.
Patrícia Bobbato: Imagina Jota, para mim é super prazeroso. Quero primeiro te dar parabéns, estou muito feliz por você e eu acho que quem ganha somos nós né, da comunidade, da área de pessoas, porque a gente tem na mão um tesouro aqui, que a gente pode usar e repensar e você está nos testando aí né e deixando muitos questionamentos. Então, eu quero te agradecer profundamente e conta sempre comigo.
JP Coutinho: Que bom, Pati. Obrigado.
Victor Cobo: Legal, parabéns JP, parabéns aí Caroli e toda a equipe que participou. É um tema muito importante né e eu até comentei com o JP, todo esse momento aqui é um marco né, eu acredito, aqui na área de pessoas. Como o próprio Caroli traz né, de ir direto ao ponto e de soluções que, para mim, mudou a minha perspectiva, a forma de enxergar as coisas. Acredito que o JP está indo no coração da organização agora, direto ao coração da organização.
Então, eu estou muito feliz né, o JP é uma referência para mim quando o tema é RH ágil, está no PDI de toda a minha equipe aqui né, conheço essa pessoa assim como o Caroli né, nossa, um monstro aí, uma referência no tema de agilidade e ver vocês dois juntos, produzindo esse trabalho eu tenho certeza que está incrível. Estou muito ansioso de ler o meu livro, que está chegando que eu sei.
JP Coutinho: O Victor estava reclamando… ah, vocês receberam. A gente recebeu o dela né e aí o Victor: aí, eu não recebi. Mas está chegando Victor, tá cruzando aí.
Victor Cobo: É ansiedade só, parabéns de novo JP.
JP Coutinho: Obrigado. Vamos começar esse papo? Eu queria que vocês se apresentassem rapidinho para o pessoal, contassem um pouquinho dessa trajetória de vocês, eu acho que é importante para o pessoal conhecer vocês também.
Patrícia Bobbato: Bom pessoal, boa noite a todos, é um prazer estar aqui falando com vocês também. Eu sou Patrícia Bobbato né, como JP comentou, eu sou psicóloga, sou mãe da Maria Luiza, eu estou hoje, então, como Diretora de Pessoas, Comunicação Interna e Sustentabilidade do Grupo Tigre e estou muito feliz de fato de estar aqui.
Tenho uma trajetória na área de pessoas de mais de 18 anos, nem sei mais quanto tempo, enfim, desde que eu me conheço por gente aí, a gente vem atuando com isso e de fato fazendo o meu propósito né de desenvolver as pessoas como algo que seja fundamental, empoderar as pessoas para o seu desenvolvimento, para a sua forma de pensar. Então, acho que um resumo é um pouco isso e acho que a gente vai poder aproveitar um pouco mais aí nas perguntas que a gente tem né, acho que é isso.
Victor Cobo: Legal, boa noite aí pessoal, sou o Victor Cobo. Eu achei bem legal aí a proposta do JP de trazer a Patrícia comigo aqui nesse bate-papo, que eu acho que são duas perspectivas bastante diferentes né. Eu sou Diretor de Gestão de Pessoas do Grupo DB1, um grupo de empresas de tecnologia, que vai desde a prestação de serviço, trabalho com o produto do e-commerce, a área de benefícios e até uma robótica que a gente tem aqui dentro, então, do software ao hardware.
Eu vim da área de tecnologia né, minha formação principal aí como Engenharia da Computação, comecei a minha trajetória como desenvolvedor, analista de sistemas, Scrum Master e todos papéis dentro do ecossistema de desenvolvimento de software e, há três anos, recebi um convite aqui do presidente do Grupo para abrir essa frente nova, da Diretoria de Gestão de Pessoas, considerando aí como algo muito estratégico né pro Grupo e, com certeza, o nosso maior ativo organizacional cuidar e proporcionar é o melhor bem-estar, é um ambiente que seja propício para desenvolvimento com equidade e inclusão né.
Que a gente sempre continue crescendo de forma exponencial, não só a empresa quanto os nossos clientes e, principalmente, os nossos colaboradores. Então, esse mundo de agilidade é muito a minha praia, sou entusiasta né, gosto bastante desse assunto e a gente fez esse teste né, de uma pessoa que vive o dia a dia do pessoal de tecnologia, na cadeira de gestão de pessoas, e vem fazendo sentido e a gente vai testando e, enquanto estiver fazendo sentido, a gente continua nessa jornada, que está sendo incrível para mim.
JP Coutinho: Muito bom. Quando eu pensei em vocês para o convite eu falei: olha que legal, a gente vai ter dois olhares né, o Victor de tecnologia, que está vivendo um super desafio, assim como todo mundo né, de escassez de talentos, mas de tecnologia muito forte e a Patrícia, de uma área industrial, que é industrial, mas, também, é tudo, também é tecnologia, também é marketing, também é comercial. Então, um baita Grupo, que está crescendo muito, inclusive fora do Brasil com aquisições né, então, acho que são bons desafios para a gente compartilhar aqui com o pessoal.
Quando vocês pensam em profissionais para a área de vocês, sempre vejo vagas abertas para ambas as empresas, que competências, que habilidades, que características vocês pensam que esses profissionais precisam ter para atuar no RH hoje? Acho que essa dica é legal, porque têm até pessoas que estão querendo migrar para a nossa área né, migrar para gestão de pessoas. O que vocês buscam nessas pessoas, enquanto líderes de RH?
Patrícia Bobbato: Acho que tem sempre os principais pontos né, então, acho que independente de onde você está, eu venho de um currículo de várias empresas né, varejo, indústria, banco né, eu já trabalhei. Independente deles, eu sempre quero alguém com atitude de dono, com protagonismo, com pensamento crítico. Acho que essas são características, para mim, que são super importantes, mas eu queria citar duas ou três aqui, que eu venho percebendo cada vez mais importantes.
E aí, eu não sei Victor, se você está vendo também isso né, mas, para mim, a capacidade de aprender, reaprender e desaprender ela é super importante. Então, o que eu sei no começo da minha carreira não é mais a mesma coisa e eu estou aprendendo com o meu estagiário, eu estou aprendendo com a pessoa que está há muitos anos na organização e a gente está revendo, eu estou aprendendo com o negócio, então, acho que essa capacidade, essa agilidade ela é fundamental para mim e um profissional que possa fazer perguntas e ser o contraponto da organização.
Então, aquela pessoa que indaga, que está junto, que entende o que está acontecendo do negócio e faz o gestor pensar, faz o gestor falar: Hmm… Nossa, não tinha pensado nessa possibilidade. Para mim, esse é um diferencial de um profissional da área de pessoas né. Então, eu percebo que aquele profissional antigo ele precisa morrer, não existe mais essa possibilidade de a gente ter um RH que é um agente que não é de mudança, um agente que faz só mandou fez.
Não existe mais isso assim. A gente realmente entra na organização para fazer a diferença para o negócio, então, acho que esses são pontos que, para mim, são super relevantes. Não sei Victor, se você concorda.
Victor Cobo: Concordo sim, até arrepiei em alguns momentos que você falou assim que eu já estava pensando na resposta. Que caramba, ela falou muito próximo do que eu penso aqui, do que a gente vive né. Não existe uma receita de bolo né, claro que cada organização aí tem seu momento e cada área também, dentro da área de gestão de pessoas, que existem vários subsistemas né, também tem uma característica específica, mas quando a gente fala de comportamento a gente olha muito não só para a área de gestão de pessoas como para toda a organização.
Essa forma de olhar diferente e querer desbravar. Quando a gente fala de agilidade, eu acho que o ser adaptável é muito importante né e querer errar. Hoje, ainda de manhã, uma pessoa muito perto da minha equipe a gente estava falando processo de ação de pessoas e a gente colocou no plano de desenvolvimento dela errar mais. Aí, a gente até brincou… nossa, mas como assim, vamos ter cinco erros por semana?
Olha que legal o jeito que a gente começou a discutir. Errar pequeno, errar o mais rápido possível, mas sempre na perspectiva de receber um feedback e com ele se adaptar e mudar para algo que faz sentido né. Então, isso é uma característica e uma habilidade, até porque não é fácil né ter isso no dia a dia sendo vivido e eu valorizo muito. A Pati falou uma coisa aqui que eu achei legal também: saber o porquê de tudo que está sendo feito.
Ela comentou ali de, às vezes, a pessoa, será que esse profissional do passado ele precisa se reinventar e precisa ser morto nas organizações? Se a gente não se reinventar e se a gente não matar, o próprio mercado né vai matar. Então, se reinventar e saber o porquê de tudo e não só o como e não aceitar nenhuma pergunta, mas por que é feito esse processo assim, por que que a gente age assim? Porque sempre foi feito assim.
Não, eu sei o porquê faz sentido é por isso que eu faço. Se não faz sentido, eu vou mudar, eu vou jogar fora e vou transformar. Então, para mim, essa habilidade é bastante importante.
JP Coutinho: Eu gosto disso Victor, eu brinco que eu sempre ouvia, até conto no livro, que a Luiza Helena, eu trabalhei no Magazine Luiza, e a Luiza Helena sempre falava: não é que você não possa errar, você não pode errar duas vezes a mesma coisa. Significa que você não aprendeu com o erro, a gente pode errar, mas aprenda com ele né. E ela fala: eu gosto de dar espaço para cometer erros novos, porque significa que eu estou aprendendo.
A gente cobra tanto das pessoas né… vai, faz diferente, sai da caixa, inova, mas não tem tolerância ao erro nas empresas. Ninguém vai fazer. Eu escrevi no livro: onde não existe tolerância ao erro, não existe inovação. As pessoas vão continuar fazendo sempre do mesmo jeito, porque ela tem medo de ser punida, ela tem medo de errar né e aí eu até trago quando a gente tá falando ali dessas características, dos valores e dos princípios ágeis, o mural do erro e do aprendizado.
Muitos times ágeis usam isso nas suas áreas, a Patrícia errou, ela coloca ali: olha, errei isso aqui e aí, de tempos em tempos, a gente se reúne e a Patrícia vai contar: olha eu errei nisso, mas fiz isso, aprendi isso, compartilhando, criando essa cultura de tolerância ao erro para que outra pessoa não erre o mesmo erro da Patrícia. Só que por muitos anos como é que a gente fez? Jogava para baixo do tapete.
O RH é campeão, erra um monte de coisa, mas né coloca embaixo do tapete e nós estamos vivendo um outro tempo. Então, acho que para inovar a gente precisa aprender a errar e errar e aprender com os erros, acho que isso é fundamental. Muito legal isso que vocês trouxeram e a Pati também essa coisa da cultura de dono, todo mundo é dono, o problema é meu também né.
Então, visão globalizada, a gente precisa entender o que eu faço, qual é a minha parte nessa grande engrenagem? O RH está sendo tão cobrado a ser protagonista da transformação e a gente sempre pediu para sentar na cadeira. Não, eu quero sentar na cadeira da tomada de decisão, mas quantas pessoas estão de fato preparadas para isso? As lideranças, as pessoas dos times mais analistas, muito poucos estão, muito poucos pensam nisso, então, acho que é um ponto legal para a gente refletir.
Para a gente seguir, eu queria que vocês contassem um pouquinho como é que foi esse período de pandemia? Acho que para as duas empresas, talvez o Victor tenha navegado um pouquinho melhor, porque já estava mais habituado com os home offices da vida, mas o que vocês podem trazer como principais aprendizados desse período e que desafios vem depois disso?
Victor Cobo: Essa pergunta é legal, hein, realmente, a gente aqui já estava acostumado, a gente já trabalhava com 20% de todo o nosso quadro aí de forma remota, mas ainda assim a gente não tinha certeza que se virasse uma chave para todo mundo remoto, de um dia para o outro, se isso iria funcionar e a gente não teve tempo para se planejar, tempo hábil né.
Aconteceu, veio o decreto, todo mundo viveu essa loucura e foi um mundo de muita incerteza. Quando a gente fala lá né do mundo VUCA, do mundo BANI, mas quando acontece mesmo não importa o quanto a gente ouviu é só ali que a gente percebe. E todas essas incertezas que eu posso trazer, JP, que foi fundamental, que foi a comunicação direta e muito transparente. Inclusive, é um valor nosso muito forte né de, às vezes, chegar e falar assim: galera, eu não sei.
Você trouxe aqui a questão de tomada de decisão, mas era algo tão incerto naquele momento, que a gente falava: pessoal, é essa a decisão e vai durar por sete dias, por quê? Porque a gente precisa revisitar, não é uma decisão que vai durar para sempre e porque a gente também está inseguro. Então, todas as decisões serem muito transparentes e de forma contínua.
Aqui, a gente criou até um comitê, os próprios colaboradores quiseram participar para sentar junto conosco na cadeira de tomada de decisão lá no comecinho né, daquele momento da pandemia. Porque já que é incerteza para todo mundo, então, todo mundo tem que entender o que está acontecendo até para gerar um contraponto que foi a segurança que a gente queria trazer para eles.
Então, eu acho que eu trago esse ponto como o principal aprendizado, que foi algo que continua até hoje né, então, sempre comunicando, sempre mostrando o que a gente está fazendo, para onde a gente está indo. Ainda essa semana, quando a flexibilização da máscara deu uma baixada, e aqui dentro da empresa, pode usar, não pode usar, segue o decreto ou a gente olha aqui dentro?
Então, de novo, vamos comunicar todo mundo e vamos falar que dura por mais duas semanas né, porque caso aconteça alguma outra coisa, saúde em primeiro lugar. Então, a comunicação para mim aqui é o que foi o mais importante.
Patrícia Bobbato: Eu vou surpreender vocês, porque apesar de estar numa empresa de 80 anos, e como diz o nosso presidente: uma jovem senhora de 80 anos né, que é o Grupo Tigre, nós já tínhamos antes da pandemia a política de home office, o que para mim é um super orgulho dizer isso, então, a gente já tinha pessoas.
Para quem não sabe, o Grupo Tigre tem hoje mais de 5.000 profissionais, a gente está dos Estados Unidos ao Uruguai, então, em vários países, em toda a América Latina e isso é super legal, mas dá uma complexidade do negócio também. E aí, eu lembro né do dia 13 de março de 2020, uma sexta-feira, a gente de fato fala para todo mundo: então pessoal, vocês vão pegar as suas coisas e, na segunda-feira, a gente está nas suas casas.
Logicamente, eu estou falando aqui do pessoal administrativo né, o pessoal de fábrica a gente teve que parar um tempo e depois eu conto né a situação, mas o que a gente tinha antes né, a gente tinha todo um preparo anterior disso né então a gente tinha, todo o nosso profissional já ganha celular e note, então, era só ele pegar tudo aquilo e levar para casa dele né. Eu já tinha todo o processo de política.
Agora, sem dúvida nenhuma, Victor, acho que a gente passou pelas, provavelmente muitos né, passaram pelas mesmas situações, então, aqui o meu primeiro ponto que eu coloquei foi cuidado. A gente tinha um programa chamado Cuidado de Férias, que a gente fez isso em toda a pandemia para que a gente pudesse cuidar dos nossos profissionais. A gente cuidou da família e a gente cuidou da comunidade. O primeiro ponto está muito alinhado com o nosso propósito né que é cuidar da água para transformar a qualidade de vida das pessoas.
Então, esse verbo cuidar para a gente é super importante e o pessoal de fábrica, por exemplo, muitas vezes falou para mim: eu me sinto tão mais seguro dentro da fábrica do que até na minha casa, porque a gente de fato cuidava para que as pessoas tivessem né seguras para poder fazer todo o processo industrial que a gente tinha. Acho que esse foi um primeiro ponto.
Um segundo ponto é igualzinho ao que o Victor trouxe: comunicação transparente, frequente e que acolhe e incentiva, o tempo todo comunicando e fazendo pesquisa. Como é que vocês estão? Qual é o sentimento? Como é que a gente pode ajudar? Então, a gente ajudou as pessoas que de fato tiveram muito problema, financeiro mesmo, como é que eu vou te ajudar?
Eu escutava muita gente, eu abria as salas de reunião para dizer o seguinte: pessoal, e aí como vocês estão? Só… e a gente fazia reunião sobre isso de manhã, de tarde e de noite. Então, eu acho que um aprendizado que eu tive enquanto RH e eu acho que foi um dos períodos mais difíceis da minha carreira é que, de fato, eu não tinha resposta.
Então, poder falar sobre isso foi super importante. A gente agora anunciou né o nosso modelo híbrido e a gente falou: bom e como é que vai funcionar? Vai dar certo? Eu não sei gente, vamos testar e a gente está testando e vocês vão me dar o feedback se a gente vai conseguir fazer isso ou não. Então, acho que isso foi muito legal e aí JP queria só trazer alguns pontos que para a gente foi super importante assim que: apesar de toda essa pandemia, eu tive muitas oportunidades de novas práticas.
Por exemplo, contratação hoje está todo online no Tigre, assinatura online, ponto online, não tem mais papel e isso me ajuda muito assim. Ampliação do próprio home office né, você acaba descobrindo outras possibilidades ali, então, acho que isso foi muito legal e, por outro lado, gente dizendo que eu estou adorando o híbrido, né voltei agora de Joinville e as pessoas falavam estou adorando, porque eu posso ver as pessoas né, eu morava sozinho, eu queria estar junto com as pessoas, isso é uma delícia para mim, mas, também, eu tenho a minha casa quando eu preciso e isso me ajuda muito.
E a gente montou uma plataforma de comunicação onde as pessoas têm a informação na palma da mão. Então, se eu sou um operador ou se eu sou do administrativo, eu tenho toda a informação ali no meu celular, eu consigo saber o que está acontecendo. Eu acho que a pandemia acabou acelerando esse processo. Desculpa me alongar, mas acho que isso surpreende um pouquinho né, essa jovem senhora aí de 80 anos, que está tentando se reinventar.
JP Coutinho: Muito bom, né Pati, você trazendo isso para você é um desafio, que tinha esse time administrativo em casa, mas o time operacional estava ali, a produção precisava acontecer, então, um cuidado redobrado, muito legal isso que você traz. E aí você já traz um ponto que eu penso, que é uma tendência, que é o nosso próximo tema que é o mundo híbrido.
É mindset ágil na veia. O Victor trouxe aqui, olha, saiu decreto o mundo parou, não deu tempo de ficar pensando assim: e agora? O que a gente vai fazer? Vamos planejar, fazer planos… não, vamos fazer acontecer, a gente colhe feedback, vê como foi, melhora, corrige e vamos né. É meio que trocar a roda com o carro andando né, o pessoal brinca.
Foi isso que a gente fez. E agora? O que é que vem neste… a gente espera né, que seja o finzinho da pandemia, estamos todos na torcida, mas o que vem neste futuro? O que vocês podem dizer aí como tendências, o que vocês têm pensado para as áreas de vocês, para os times de vocês, para as empresas de vocês, para esse futuro… o que vem como tendência para o RH?
Victor Cobo: Olha, JP, a gente aprendeu muito né com toda essa adaptação respondendo às mudanças que aconteceram e o híbrido é uma realidade muito pertinente aqui para a gente, porque, cara, nada substituiu o presencial quando a gente fala de uma reunião, de falar de estratégia, todo mundo ali, um olhar no olho do outro né, depois a gente conseguir fazer até um happy hour, alguma coisa assim, mas no dia a dia não é necessário, pelo menos na nossa realidade aqui.
Então, se não é necessário, por que forçar um colaborador vir trabalhar na sede? Eles já aprenderam também que o deslocamento, às vezes, não é tão legal né, tem um custo desnecessário e até uma concentração maior quando ele está ali no ambiente dele. Então, se é bom para todo mundo né e, quando a gente fala todo mundo aqui, é bom para o colaborador, é bom para o cliente e é bom para a empresa.
Se for bom para essas três frentes, a gente vai fazer né, não importa se tem restrição, se não tem, a gente vai fazer se for bom para os três e o híbrido vem muito nesse formato. Hoje, eu estou aqui na sede da DB1 e eu andando por aqui, se duvidar, tinha, no máximo, umas 50 pessoas de uma empresa de 800 colaboradores. E cadê essa galera? Está produzindo, está entregando valor sei lá de onde né aí pro mundo inteiro. Então, o híbrido é algo que veio para ficar.
Agora, assim, a gente usou muito um termo que era o novo normal né. A gente ficou um tempão falando esse termo e nessa pergunta sua do que vem depois eu acho que não tem depois. A Martha Gabriel teve conosco aqui há um tempo, num evento nosso e ela falou um negócio que, para mim, foi muito legal: não existe um novo normal, existe o próximo normal. Então, isso conecta muito com a nossa realidade de agilidade, porque novas mudanças virão e a nossa capacidade de resposta a essa mudança é o que vai nos mostrar o quão competitivo estamos no mercado.
Então eu acho que isso aí, eu tenho certeza que dentro do filho do JP aqui, é algo que vai trazer muito forte pra gente enquanto RH se repensar né e uma das coisas como tendência, JP, que eu gosto de falar bastante aqui com o pessoal de gestão de pessoas, a Pati teve um momento que falou assim: a nossa comunidade de RH. A gente que vem da área de tecnologia sabe o que é de verdade uma comunidade né, pessoas que trocam muita experiência, que abrem tudo o que sabem e que todo mundo cresce junto.
Já no RH, eu sinto assim uma restrição, todo mundo fica pisando em ovos… ai eu não vou entregar essa informação, porque talvez é tão estratégico né, como que eu vou abrir isso para ele, que, às vezes, é meu concorrente de pessoas né ou até de negócio, então.
JP Coutinho: O benchmarking é até a página 2, né Victor?
Victor Cobo: É isso aí, então, assim nesse aspecto eu queria deixar uma reflexão de tendência é que assim: às vezes, pra gente crescer rápido, legal e sozinho, mas se a gente quer crescer de forma sustentável e chegar mais longe, a gente vai ter que ir junto e a gente vai ter que trocar bastante, a gente vai ter que abrir sim né, cases, compartilhar tudo aquilo que a gente aprendeu, que a gente sabe pra gente crescer junto e ir mais longe. Independente se é concorrente ou não, mas eu queria trazer isso para todo mundo de RH.
Patrícia Bobbato: Super comparto aí Vítor contigo. Eu acho até, JP, que vou fazer uma propaganda aqui do teu livro né, que as tendências que você traz aqui eu super concordo e o que eu adicionaria né, talvez dentro desse processo, não consegui ler todo ele ainda, então talvez esteja ali, aí você me corrige, mas, para mim, além do que o Victor está trazendo, é uma questão da humanização das empresas.
Como é que a gente trabalha de fato essa personalização né, que não está acontecendo só com o nosso profissional, mas isso acontece hoje com nosso cliente né, todo mundo quer se sentir importante no final do dia e o processo tem que ser meu, pra mim, do meu jeito, então, como é que a gente vai ser adaptar a tudo isso, quer dizer ter mais dado, ter mais informação, saber trabalhar com tudo isso e entregar exatamente aquilo que aquele profissional precisa né?
Então, e aí por isso, Victor, que a rede para mim ela é tão importante e faz muito sentido isso que você está trazendo. Quando eu trabalho em rede, eu tenho o meu cliente comigo, o meu cliente externo, o meu cliente interno, a área de pessoas junto, então, assim, como é que isso tudo vai acontecer?
Então, eu acho que essa é uma grande não é tendência, mas é a continuação mesmo desse processo. E um ponto que me preocupa, e eu acho que a gente vai precisar trabalhar muito forte, é o equilíbrio. Essa história do híbrido, ela te dá, ela não tem mais e até escutei esses dias um podcast que falava assim: bom, de tarde, eu respondo perguntas do meu filho né, se ele está bem, se ele não está, se a escola está indo e tal e, à noite, eu respondo alguns WhatsApps do meu chefe né.
E aí você fala, putz, de fato não tem mais aquele horário né, onde você para e começa alguma coisa, então, a saúde mental é um ponto que vai ser fundamental nos próximos anos. Como é que eu me dou limite, eu digo: olha, até aqui eu consigo ir, daqui pra frente é uma outra posição. Então, e aí vem mais uma vez o ser humano né, a pessoa. Acho que esses são pontos importantes também, que a gente vai precisar discutir nos próximos anos sem dúvida.
JP Coutinho: Eu gosto disso, da gente tentar não colocar todo mundo na mesma forma, porque por muito tempo a gente colocou todo mundo 8, 18, todo mundo padronizadinho, benefícios iguais para todo mundo, então, não é esse mundo mais que nós vamos viver. Isso que você trouxe, Pati, por último, eu chamo no livro também de senso de pertencimento e a Ana Cláudia, que está aqui com a gente, que é Diretora de Gestão de Pessoas do TSE, fala bastante disso.
A gente vai ter muito mundo híbrido, a gente vai ter, como o Victor, profissionais que estão na Europa. Como é que a gente gera pertencimento? Como é que é essa cultura que é tão bacana na nossa organização toca né, as pessoas sentem pertencentes ali, sentem que são colaboradores, que não estão esquecidos, que não estão sozinhos? Eu acho que esse é um grande desafio para nós que somos de RH né, gerar senso de pertencimento.
Porque o híbrido e o remoto full, para muitas pessoas, já é uma realidade e vai continuar acontecendo muito. Eu acho que a gente falou, lá no começo, que a pandemia acelerou essa transformação digital. Empresas que não pensavam nisso tiveram que pensar. Eu conheço muitas empresas que não pensavam e os colaboradores saíram carregando o gaveteiro, computador, CPU, porque nunca pensaram que um dia ia precisar alguém, era muito mais fácil o notebook né.
Então, a pandemia mostrou isso e é um desafio, para nós de RH, fazer com que essa cultura chegue a essas pessoas. Gosto bastante disso que vocês trazem. Vamos fechar, então, esse nosso papo, porque uma hora passa rapidíssimo e a produção já está avisando aqui, que eu brinco no meu ponto eletrônico, um recado final para quem está nos assistindo aqui e vai navegar nesse novo RH.
Patrícia Bobbato: Vai lá, Victor, quer começar?
Victor Cobo: Pode ser. Olha, JP, acho que como um recado final aqui, que a gente falou, é um conselho: sair da salinha do RH e colocar a tela em jogo, conhecer de fato o negócio do seu cliente interno, que são todos os colaboradores, sentir o que eles estão vivendo ali pra ver se faz sentido todas as ações, que, até um tempo atrás, a gente estava pensando dentro de quatro paredes. Então, ir lá, conhecer o negócio e viver de fato, de verdade, o que os colaboradores estão vivendo.
A gente fala muito né, nesse momento aí também que a gente tá, com tanta fragilidade né, extremos políticos, extremos de tudo acontecendo, de muita incerteza junto, trabalhar também aí é habilidade socioemocionais de todos os colaboradores e aqui a gente usa muito conectando a gratidão né, para gerar um círculo virtuoso ali e gerando resiliência em todos os colaboradores para eles poderem se tornar cada vez melhores dentro desse ambiente extremamente complexo que a gente está vivendo. Então, parabéns de novo aí JP e eu queria deixar isso aí no final.
Patrícia Bobbato: Concordo muito com o que o Victor está trazendo e eu queria só acho que dizer que, quando a gente tem profissionais felizes né, e que sabem o que querem, que tem um propósito claro de vida e que se conecta né com aquele propósito da empresa, você, de fato, faz acontecer e você se empodera. Então, que nós, da área de pessoas, a gente possa realmente saber para que existe o nosso negócio, para que a gente está ali, aonde a gente vai atuar e como é que isso conecta com o meu propósito para que, de fato, seja mais feliz né, no final do dia.
A gente aprendeu tanto na pandemia né, que a nossa vida é tão rápida, que a gente precisa estar no aqui, agora, entendendo o que está acontecendo e que as coisas realmente possam ser mais leves né, mais tranquilas e que a gente possa ser feliz aonde a gente esteja. Então, concordo muito com você, Victor, eu espero que as pessoas possam, cada vez mais, entender o seu negócio e trabalhar para que as pessoas tenham um empoderamento das suas carreiras e da sua vida.
JP, super parabéns, mais uma vez, estou muito feliz por você e por ter esse tesouro aqui nas minhas mãos né. Acho que seu filho será muito bem cuidado, fique tranquilo. Obrigada.
JP Coutinho: Obrigado, Patrícia. Obrigado, Victor, obrigado pela generosidade em encontrar um espaço na agenda de vocês, tenho certeza que foi um dia de muito trabalho, então, a generosidade, também, de estar aqui, de compartilhar esse olhar, têm várias mensagens aí no nosso chat: que encontro incrível, muito bom, temas super importantes. Então, obrigado mesmo pela generosidade de estar aqui comigo.
Um grande beijo. Espero que a gente se encontre aí, em breve, nesse nosso mundão e vamos fortalecer, como vocês bem disseram, a nossa comunidade de RH. Acho que esse é o nosso grande objetivo. Obrigado, obrigado.
E aqui o episódio de hoje. Espero que você tenha gostado. Eu te peço para se inscrever e recomendar esse Podcast na sua plataforma de podcast preferido, como Spotify e YouTube, e nas redes sociais. Ou, como eu prefiro: recomende aos amigos. Assim, você me ajuda com a missão de compartilhar conhecimento sobre as novas relações de trabalho, de forma a contribuir para a transformação de um mundo melhor.
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Notas do episódio:
Novidade: Livro Repensando o RH: Ágil, Diverso e Exponencial, de JP Coutinho
Novidade: Treinamento Rethinking HR