Episódio 33: O futuro da sua carreira na Agilidade

1 ago 2022

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Eu sou o Paulo Caroli e este é o Podcast Mínimo Viável, onde compartilho conhecimento sobre as novas relações de trabalho e, assim, contribuo para a transformação de um mundo melhor.

Neste episódio do Podcast Mínimo Viável, você vai conferir um super bate-papo sobre “O futuro da sua carreira na Agilidade”, que aconteceu entre o autor Paulo Caroli e o Host e Mentor de Carreira em Agilidade e Tecnologia, Eric Fer.

Eric Fer: Bem-vindos para essa conversa incrível que vai acontecer, essa conversa épica que vai acontecer hoje. Se você não conhece o nosso convidado, caso por um milagre você não conhece o nosso convidado, ele é apaixonado por inovação, ele é apaixonado por empreendedorismo, ele é apaixonado por produtos digitais. Ele me contou que adora trabalhar com pessoas, com projetos, com desafios e com transformações nas empresas.

Eu sei que ele já atuou em diversas corporações no Brasil, na Índia, nos Estados Unidos, em vários países da América Latina, na Europa onde ele mora. Ele é autor best-seller, um dia eu chego lá, com seis livros já publicados e eu sei que está vindo outros por aí. Ele é o cara do Lean Inception, ele é o criador do Lean Inception, aliás, esse livro foi traduzido em três línguas diferentes, talvez quatro, ele vai precisar confirmar.

Ele é o criador, ele é o autor do FunRetrospectives, que também tem o site, Sprint a Sprint, PBB, o livro de CFD e têm outros, eu sei que têm outros chegando por aí. Ele é fundador da Caroli.org, ele é Keynote Speaker, ele já transformou milhares de vidas e pessoas através do trabalho dele e do legado que ele tem deixado para tanta gente. Hoje, ele é Principal Consultant e também Expert Inception Facilitator na Thoughtworks.

Então, com vocês pessoal, a lenda, o mito, com vocês Paulo Caroli. Essas palmas são por tudo o que você fez pela gente, pela comunidade e, também, é aniversário do Paulo Caroli hoje, pessoal.

Paulo Caroli: Obrigado, é um prazer estar aqui. Pra mim, você representa a nossa comunidade, então, é por isso que eu estou com grande orgulho, por isso que eu falei “é meu aniversário, mas eu vou junto, vamos lá, vamos bater um papo”.

Eric Fer: Caramba, muito obrigado.

Paulo Caroli: O que você faz pela nossa comunidade é muito bom, cara, obrigado.

Eric Fer: Obrigado, obrigado Caroli, obrigado. Eu sei que não é fácil, é aniversário, é dia de descanso, é dia de curtir a família, muito obrigado por dispor esse tempo. Eu sei que é precioso, eu sei que é difícil, mas agradeço de coração viu. A turma vai curtir muito essa conversa com você.

Caroli, olha só, a gente sabe muito… é o que eu falei né: você é uma lenda. Eu fiz uma pesquisa perguntando “tá, mas vocês conhecem o Caroli? Será que ele é de verdade? Será que ele existe?” Cara, ele existe, ele está aqui na nossa frente. Conta um pouquinho para a gente, Caroli, a gente sabe de tudo, de toda a contribuição que você tem feito na comunidade desde tanto tempo.

Mas, Caroli, eu confesso que eu tenho uma curiosidade de saber o que você está fazendo hoje, no mundo da agilidade? O seu trabalho no dia a dia é Lean Inception na veia 100%? Ou você atua na agilidade em outras áreas, em outras frentes?

Paulo Caroli: Eric, é muita Lean Inception. O livro ficou muito famoso no Brasil e, agora, fora do Brasil. Eu trabalho na Thoughtworks, empresa de consultoria, é uma das precursoras com ágil, o ágil em escala, que a gente levou para o mundo todo. No Brasil, muita gente conhece Lean Inception e, dentro da Thoughtworks, foi se alastrando pelo mundo. Então, tem muito projeto, toda semana eu estou ou facilitando uma Lean Inception ou acompanhando uma ou mais Lean Inceptions de colegas que estão passando.

Eric Fer: Então, o seu dia a dia é Lean Inception praticamente?

Paulo Caroli: É facilitação de workshop colaborativo, que por causa da Lean Inception, às vezes, a gente vai para o nível estratégico ou coisas antes da Lean Inception e me chamam para facilitar. O que tem de workshop difícil, diferente, espera aí… Caroli vem aqui ajudar e eu adoro né. Eu adoro estar com pessoas, então, essa facilitação de workshop, especialmente, workshop colaborativo né.

Antigamente, a gente não era tão colaborativo. Antigamente, era uma reunião, uma pessoa apresenta, uma decide, passa para outra e vai. Felizmente, o mundo mudou com agilidade, a gente passou a colaborar muito mais, diminuiu hierarquia, gestão, aumentou liderança, aumentou o líder servil, o líder facilitador e eu adoro e é o que eu faço no dia a dia. Estou sempre passando em corporações, hoje em dia, remotamente ficou até mais fácil para a família, que eu preciso estar em vários locais e presente com a família.

Eric Fer: Massa… e o seu contato no dia a dia é com desde times, assim, de desenvolvimento, é mais com a turma de produto, PMs, é mais com diretoria ou é de tudo?

Paulo Caroli: É de tudo assim. Eu era uma pessoa desenvolvedora, então, eu gosto muito de estar próximo dos times de desenvolvimento, dos times de produto e a Lean Inception ela é perfeita para produto, para começar um produto digital ou alinhar sobre o que tem que fazer com o produto digital. Então, eu estou sempre muito próximo dos times de produto, mas a parte estratégica é um grande desafio na nossa área.

Quando a gente fala de empresa grande, que aí é que vem o ágil em escala tudo isso, o desafio é enorme né. Daí têm, eu não vou falar o nome das empresas, mas têm empresas que são vários times e vários times e, aí, você precisa alinhar a parte estratégica antes de vir para produto. Para quem é de agilidade sabe, até deram um nome que eu achei bom que é o Flight Levels, tem um nível ali do Flight que está perto da Terra, que é o time de produto, e tem um mais acima que é o estratégico ali, do que vai para quem e para qual área.

E, em cima, ainda é mais estratégico, na parte dos objetivos, dos OKRs, lá em cima né. Então, eu fico flutuando nesses três níveis. Eu acho que agilidade está só no início, a gente de ter um nome e a gente começar a trabalhar de forma mais colaborativa, mais próxima, a gente está falando de menos de 20 anos. Eu acho, então, que está só no início, tem muito espaço.

Eric Fer: Então, mesmo no Brasil, a agilidade está só começando?

Paulo Caroli: A minha visão é de que está só começando. Leva décadas… vamos voltar na Revolução Industrial, ali em 1914, a gente começa a indústria manufatureira que são as teorias que a gente usa até hoje, de gestão de projeto que tem muita coisa boa. Só que levou quantos anos para amadurecer? 50, 60, 70?

Assim a agilidade, que começou há 20 anos, o Lean Inception que tem menos de oito anos por aí, 10. O Scrum é de 95, 98… é tudo muito recente, então, pode ir que está só no começo e, às vezes, a gente tem aquela percepção de… um colega, estava conversando quando eu voltei a morar no Brasil em 2010, eu lembro do colega falando “putz, Scrum já passou a onda. Bah, agora todo mundo já está fazendo Scrum, eu devia ter feito isso em 2008, quando você falou comigo Caroli. O quanto a gente estava errado né?”. E eu concordando: “É, talvez já tenha passado”… Não, está só no início, está só começando.

Eric Fer: Olha o comentário do Luís Fernando: “Agilidade não pode morrer não, eu estou começando agora, não pode morrer esse negócio”.

Paulo Caroli: Está só começando, não vai morrer, não vai morrer, é conhecimento útil para a vida profissional. Até porque, quando vierem outras coisas, vão ser em cima do conhecimento que a gente tinha em agilidade. Então, você não perde aprendendo isso, vivenciando.

Eric Fer: Eu gostei da pergunta do Ricardo: “Quais países estão mais evoluídos na agilidade?”

Paulo Caroli: É a minha percepção, quando eu morei nos Estados Unidos, a gente tinha muita especialização de trabalho. No Brasil, acho que a gente nunca teve tanta especialização de trabalho assim pela característica nossa, o que é muito melhor para ambientes colaborativos, time multifuncional acho que é mais da nossa natureza.

Então, o Brasil está muito bem e eu acho que a gente não tem medo de errar, também, de testar. É que nem Lean Inception. Inception era de outra forma aí vem um brasileiro e sai mexendo e em algumas coisas mudam e dão certo. Eu acho que a gente tem muito isso no Brasil. Então, o Brasil está muito bem. Na Europa, tem alguns países, os países nórdicos também são muito bons. A Alemanha tem pontos focais.

Eric Fer: Mas a Alemanha é um ponto focal para você também fora do Brasil?

Paulo Caroli: Eu tenho uma visão um pouco histórica também. Extreme Programming era muito forte na Inglaterra, na Alemanha galera de design muito boa e até a questão de entrar atrasado no mundo ágil não é ruim, porque, por exemplo, quem entrou atrasado, já entra no mundo de Lean Startup. Já entrar cedo, era um mundo ágil de melhoria de processo. Quem entra atrasado, quem entra depois de 2011, o ágil já vem influenciado por uma eficácia na busca do produto digital correto, com Lean Inception, com Lean Startup.

Eric Fer: Olha que interessante. Em 2014, eu tive, tinha uma diretora e ela brigava com a gente, porque ela não acreditava na agilidade, porque a gente queria fazer do jeito que estava, queria fazer o Scrum certinho, não sei o que… e ela falou: vocês têm que largar mão desse negócio de agilidade, isso aí vai morrer, vocês tão perdendo tempo”…. isso em 2014. Já passaram oito anos e estamos aqui, só no começo, muita coisa para evoluir ainda.

Você estava falando da Alemanha, eu tenho acompanhado um pouquinho alguns profissionais e um pouquinho da comunidade lá em Portugal, menos na Espanha, mas um pouquinho Portugal e parece que Portugal está numa pegada querendo começar a onda. Você tem visto isso?

Paulo Caroli: Eu tenho, até por causa do meu blog, que ele tem muito acesso em português e uma quantidade vem de Portugal. O Brasil, acho que até para a gente ser um país continental, a gente troca muita informação na nossa língua. Na Europa, tem mais esse desafio de várias línguas, cada um tem sua língua.

Então, eu acho que no Brasil a gente teve essa facilidade de trocar muito conhecimento no nosso país continental com muita gente boa. E o Brasil tem pessoas boas que nem você, que nem eu, tem muita gente de coração bom e que está compartilhando. Eu te conheço há anos, você está compartilhando conhecimento, a tua visão é ajudar as pessoas. A gente tem muito isso no Brasil, acho que é nosso, acho que a gente sabe que a gente tem que se ajudar para crescer e isso gera movimento… É a nossa Agile Brasil, que é um evento colaborativo de agilistas para agilistas.

Eric Fer: Inclusive, pensando no Brasil, que a gente está falando no Brasil agora, que caminhos que você enxerga para onde a agilidade vai? Você comentou agora há pouco “Estou trabalhando, eu acompanho grandes empresas num movimento de escala” e, assim que você falou escala, eu pensei SAFe, SAFe, veio na minha cabeça.

Eu estou acompanhando algumas empresas também, que estão bastante focadas em SAFe, algumas orgulhosas da estrutura SAFe que montaram, outras adaptando, então, eu não sei se essa é uma tendência, eu tenho acompanhado, mas não isso não quer dizer que seja uma tendência. Aí eu queria entender contigo: qual o caminho da agilidade que você enxerga no Brasil nos próximos anos?

Paulo Caroli: A gente está num momento de transição. Essa para mim não é nem uma mudança, mas aceitar que a gente está num momento de transição na nossa indústria de software e produtos digitais e ela também está em transição, porque antes era muita atenção na parte do código em si e, hoje, a gente percebe que a parte da interação entre as pessoas, por exemplo, UX no centro, pois é interessante entender o que as pessoas querem e como times diversos e multifuncionais são melhores do que times organizados em caixinhas. Isso está fazendo muita diferença.

Então, eu acho que é um momento de transição dos ambientes corporativos, menos foco em tecnologia, mais foco em pessoas, menos foco em projeto, mais foco em produto para ajudar a sociedade e seus usuários e as pessoas, tanto as que criam, quanto as que consomem. Acho que é uma mudança grande que a gente está tendo.

Eric Fer: Isso quer dizer que os GPs estão correndo perigo?

Paulo Caroli: Talvez, não a pessoa, talvez o rótulo, o cargo, o que a pessoa vai fazer vai mudar, com certeza. Os skills têm que mudarem. Vou pegar até a palavra líder: o líder 20 anos atrás, ele tinha que ter uma boa capacidade de descrever bem o que ele quer, de saber explicar o plano que ele tem em mente ou que ela tinha em mente.

Hoje, o líder ele tem que conseguir trazer as pessoas para colaborarem, para criar um plano junto, ele tem que ser muito melhor. Como é que eu consigo ser um líder servil numa empresa de 1.000 pessoas? Esse é o desafio que tem o líder. Antes não, era o líder exemplo pro meu time pequeno de diretoria, no máximo.

Até o nosso estilo de empresa, será que a gente vai ter empresa que é aquela hierarquia, lotada de gente embaixo, ou a gente vai ter mais corporações pequenas, que se ajudam e corroboram umas com as outras para alcançar algo melhor?

Eric Fer: É um movimento das grandes né, de querer fazer os seus labs para querer se destravar da estrutura mais travadona. Olha isso aqui, o Felipe: “Primeiro, eu gostaria de agradecer o Eric me ajudou na transição de carreira”. Caramba, Felipe, obrigado. “A minha pergunta é: Caroli, qual sua opinião sobre SAFe, eu acho que se conecta com o que eu estava pensando, visto que tem sido utilizado por muitas grandes empresas?”.

Paulo Caroli: Primeiro, o corpo de conhecimento que tem por trás de SAFe é maravilhoso. Começa SAFe com seis livros e cada livro é maravilhoso. Então, assim, tem muito conhecimento bom por trás de SAFe e por trás de várias pessoas, que têm esse conhecimento SAFe e estão tentando aplicar nas empresas.

Agora, eu não vou analisar SAFe. Eu vou analisar a necessidade ou problema que têm as organizações grandes que estão buscando uma solução. Elas têm o controle financeiro, orçamentário, não estou falando de um time, estou falando de 20 times. Tem que ter controle, tem que ter cadência e aí? Esse é o problema que elas tinham. E exatamente encaixando nesse momento, vamos aceitar que o mundo ainda é projetizado e vamos fazer um aqui ensinando como encaixar uma coisa com a outra.

Para você ainda ter o controle do mundo projetizado e se for bem implementado, você está aceitando… oh, você trabalha bem dessa forma ágil e com produtos, não sei o que, mas a gente tem um controle aqui. Então, olhando dessa perspectiva tudo bem, porque você não vai mudar uma organização hierárquica projetizada para produtificado da noite para o dia, daqui a 10, 20 anos.

Então, SAFe para essa transição, você precisa de alguma coisa para transição. O SAFe como algo prescritivo acaba ajudando, porque, às vezes, aquela pessoa quer só… cara, eu vou dar um exemplo: eu não sei se vou usar Scrum, Kanban, Lean Inception, Lean Startup, Três Horizontes, Double Diamond, Design Thinking… é muita coisa. E ele fala: SAFe tem tudo? Instala aqui para mim.

Eric Fer: Tá, o que eu estou entendendo é que você estava falando como se fosse um caminho: Eric, cara é um caminho para algo que tende a se tornar mais produtizado, que tende a ter uma visão menos projetizada da coisa, é o caminho da evolução da agilidade que ainda tem muita coisa por vir. É isso?

Paulo Caroli: É, é que é difícil, porque, por um lado, é o que a pessoa está querendo comprar ou precisa implementar. Cara, instala isso aqui para mim. A gente sabe que não funciona assim, do instala isso aqui para mim, mas para a pessoa que quer a simplicidade parece que vai funcionar. É quase que um mal necessário, mas não é mal, porque por trás tem conhecimento.

Aí você fala é que nem o Scrum, aí depende de como você implementa. Você pega um time bom pode implementar SAFe, LeSS ou Nexus, que vai ser excelente igual. Aí tem a questão do marketing: como é que está o marketing do SAFe, como é que está a parte de vendas, a estrutura, a organização como eles fizeram pelo mundo todo, que parece que é um trabalho bem feito, tanto que hoje em dia todo mundo conhece.

Eric Fer: Ontem, eu estava fazendo e eu sempre faço pesquisas sobre como é que estão as vagas de agilidade no Brasil, principalmente. Tenho feito algumas pesquisas em Portugal, em particular, mas mais aqui no Brasil e encontrei de cara 700 vagas relacionadas com agilidade, mas, se for específica ali, vagas do dia a dia com o time tipo Scrum Master, Agile Master, têm ali umas 370 vagas atualmente, ontem pesquisa de ontem.

Agora, imagina, 300 vagas para agilistas no dia a dia do time. Eu tenho visto algumas empresas que estão time de desenvolvimento, tem UX, DevOps, têm tudo e o PM? Não tem o papel do agilista em algumas situações. Outras estamos vendo aí 300 e tantas vagas de Scrum Master no dia a dia que estão precisando, que estão buscando, que estão querendo. E aí, pensando nesses cenários, produtizado, utilizando PM só com o time, cadê esses agiles, cadê esses agilistas no time, que ele não está sendo necessário?

Qual que é a sua visão para a profissão do agilista no futuro aí? Que caminhos que esse profissional, que hoje é um Scrum Master, é um Agile Master, que caminhos que você enxerga para ele de carreira nos próximos anos?

Paulo Caroli: Essa pergunta é difícil acertar, mas eu vou separar em dois pedaços. Um é o cargo, role, é saber vem cá… no mercado vai ser Project Manager, vai ser Product Manager, vai ser Scrum Master, vai ser Agile Master? Essa, se eu acertar, eu vou jogar na loto, porque não tem como. Quer dizer, essa é imediatista tá? Por exemplo, se SAFe está famoso, você faz um negócio SAFe e você consegue alguma coisa agora, mas não sei como é que vai ser daqui a algum tempo.

Agora separa o nome que vai dar para o cargo, para os skills, as habilidades que é que a gente precisa com um profissional. Ah… você precisa ser um facilitador, saber rodar uma Retrospectiva, melhorar seu estilo de comunicação, saber fazer código, um Test Driven Development. Essas habilidades elas vão ser valorizadas, independente do nome do cargo da moda.

Você melhorar o seu conhecimento com habilidades, você vai estar adicionando ao seu currículo, ao seu conhecimento tanto teórico, quanto prático e você consegue mapear isso para os cargos atuais.

Eric Fer: Então, em vez de se apegar ao nome, se apegar às habilidades que a pessoa quer desenvolver basicamente?

Paulo Caroli: Isso e as habilidades que o mercado está reconhecendo. Por exemplo, vou pegar Scrum Master. O mercado está reconhecendo o que precisa nas organizações uma pessoa que seja boa de facilitação, que seja de resolver problemas, que seja boa politicamente, no lado bom da palavra político, cientista, saber se relacionar com as pessoas, saber resolver os problemas, que tenha empatia pelas pessoas do seu time. Esses são skills que valem a pena.

É dar um feedback construtivo, que saiba receber um feedback, que saiba trazer as pessoas para uma sala junto para fazer uma Retrospectiva, que todo mundo pode falar abertamente, saiba fazer o one-on-one, saiba a diferença de quando é one-on-one e de quando é todo mundo junto, saiba quando tem que falar com uma pessoa stakeholder, quando e como tem que falar com o time, que conheça de métricas ágeis, porque o time é mais ágil, que conheça de métricas de produto, que conheça de métricas de projeto que está numa organização grande.

Só falando em métrica, talvez aquele treinamento ou aquele livro de Gestão de Projeto Tradicional vale a pena, porque a organização ainda usa isso, então, você tem que estudar isso. Métrica ágil, Diagrama de Fluxo Cumulativo, Lead Time você também vai ter que estudar, porque tem gente que gosta disso na empresa e métrica de produtos também. Aonde você vai aprender isso? Vai aprender na comunidade, é o jeito mais barato é na internet. Vai ver a live do Eric, vai bater um papo, conecta, vai num lean coffee, lê o blog, gratuitamente você tem muita coisa.

Depois, semi gratuito, você tem os livros. Por R$ 30, você tem um conhecimento de 10, 20 anos condensado e, depois, têm os treinamentos que geram networking absurdo, que também o custo benefício vale a pena.

Eric Fer: Que é também a pessoa por um pouquinho a mão na massa e sair do teórico, precisa adquirir o conhecimento, mas precisa por pra fora também né e os workshops vem com um ferramental para por para fora, para fazer acontecer.

Paulo Caroli: Tudo soma e o melhor ainda é quando a empresa paga, se você está em uma empresa grande fala… é que esse Treinamento é para ajudar você dentro da empresa, todo mundo sai ganhando. Ou, se você não está na empresa grande, aí você faz os Treinamentos e as coisas para adquirir esse conhecimento, para conseguir uma boa posição e ser valorizada.

Eric Fer: E a turma está esperta com isso, não está esperando empresa não. Eu tenho acompanhado muitos profissionais, pelo menos a turma que me procura tem muito “faca na caveira”, tipo eu vou fazer acontecer, não vou esperar, não quero nem saber, vou fazer minha parte.

Paulo Caroli: E dá resultado. Também não vai fazer eu vou pagar, sei lá, pagar mil reais num Treinamento e ficar sentado numa cadeira falando nada. Não, quando você paga mil reais em Treinamento, você paga, porque você vai aplicar e você fala: com isso, eu vou dar um pulo daqui pra cá. Tem quer ser assim, é estratégico.

Eric Fer: Quero até trazer a pergunta do Bruno: “Qual agilista terá mais valor: o que conhece um pouco de tudo ou o que é especialista?” Como que você enxerga?

Paulo Caroli: Um pouco de tudo com o tempo você vai ter. Não tem como não ter um pouco de tudo se você está no mercado de trabalho. Só se você se fechar e se enclausurar e falar não falem comigo. Um pouco de tudo você vai ter.

Isso depende na tua carreira onde você está. O especialista te ajuda, porque quando uma empresa está buscando uma pessoa para um time, ela tá olhando uma coisa específica que precisa ser resolvida. Depende de qual a sua estratégia. Se você entra para uma, sei lá, a Thoughtworks, onde eu trabalho. A Thoughtworks ela quer te contratar pela sua aptidão de ser boa pessoa, de ser um bom consultor não sei o que e, depois, você vai aprender, mas é uma empresa de consultoria.

Se é uma empresa específica de produto que tá precisando, ai eu preciso de uma pessoa de UX para fazer Discovery, ela vai buscar uma especialista, pois ela está precisando nesse momento de alguém de UX para fazer Discovery. Mas, assim, a médio prazo na sua carreira você vai ser ambos: você vai ser especialista em alguma coisa e generalista em várias. Para começar, eu falaria especialista para conseguir a porta de entrada em algum lugar e, depois, antigamente, era o T-Shaped, entra com um pouquinho e depois abre o termo.

Eric Fer: A Rosana perguntou, Rosana Barros: “Conheci a agilidade através do meu filho que é agilista. Tenho 50 anos. Pergunto: tenho chance de iniciar ainda na agilidade?”

Paulo Caroli: Claro, a agilidade é lidando com pessoas. Se você tem 50 anos, você tem mais tempo lidando com pessoas do que quem tem 20. Isso é outra coisa de agilidade: a teoria ela é muito pequena. Você, quando começar a ler, vai ver mas é só isso de teoria? Vamos pegar o Scrum como exemplo. Scrum Guide tem poucas páginas. A teoria é muito pouca, então, para você entrar, você leu o Scrum Guide, você vai ler o que em 2, 3 horas.

E as pessoas de agilidade elas são queridas, são pessoas empáticas. Seria uma contradição você falar eu sou uma agilista… opa, não entra aqui que esse queijo é meu. Não, a gente de agilidade, a gente quer colaborar. Então, você vai ser bem recebida e, no geral, as pessoas de agilidade também gostam de compartilhar, porque é assim que a gente cresce.

Eric Fer: Esse é um dos valores do Manifesto que mais ficou presente, na minha visão, que é o “Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas” e isso acabou se traduzindo em empatia, em foco nas pessoas.

Eric Fer: Algumas empresas não gostam disso, inclusive, tipo aqui a gente tem que focar em resultados.

Paulo Caroli: Tem que ter ambos, aí depende também do nível. No nível estratégico, a gente tem que saber que a gente tem um business para rodar, dentro desse business vale a empatia tanto com os usuários, quanto com as pessoas, com todas as pessoas, que não estão dentro da empresa.

Eric Fer: O Ricardo me mandou uma pergunta aqui, Ricardo Macchi: “Que empresa, na sua opinião, é destaque em agilidade hoje?”

Paulo Caroli: Eu sou, eu não posso responder, pois eu sou suspeito. Tem muita empresa boa em agilidade. A Thoughtworks é a empresa do coração, estou lá há vários anos. Mas tem muita. É que não é uma empresa e isso que é interessante. A agilidade é das comunidades. Desde o início, ela começou com 17 pessoas, por coincidência a maioria eram consultores nos Estados Unidos, mas não eram de uma mesma empresa.

Então, desde o início, ela começa com a comunidade compartilhando conhecimento e é assim até hoje. Então, você não vai ter uma empresa. É que nem quando eu cheguei no Brasil em 2010, que eu conectei com algumas pessoas, está cada uma em uma empresa. A gente muda de uma empresa para outra e o conhecimento continua fluindo.

Eric Fer: “Quais as melhores práticas que agilistas têm que dominar?”

Paulo Caroli: Empatia e colaboração. Eu sei que você perguntou práticas e tal, mas eu já mexi um pouco. Você tem que ver o que o ambiente que você está nesse momento está pedindo. Se você está num ambiente em que todo mundo usa o Scrum, leia sobre Scrum ou experimente sobre Scrum. Se todo mundo usa Kanban, se todo mundo usa SAFe, se usam Lean Inception, vai ler o que estão usando no ambiente.

Mas, assim: pensa em colaborar e, às vezes, você tem conhecimento específico diferente vai somar àquele grupo. Não se acanhe em trazer seu conhecimento específico também. Por exemplo, um Gestor de Projeto adiciona muito numa equipe ágil. Se ninguém foi Gestor de Projeto antes e você traz uma pessoa com experiência para gestão de projeto, vai adicionar muito.

Eric Fer: E, para a gente concluir aqui a nossa conversa de hoje, eu quero te fazer uma pergunta que eu costumo fazer: se você tivesse só uma dica para dar para os agilistas no Brasil que estão começando na carreira de agilidade agora, qual dica você daria para eles?

Paulo Caroli: Vou repetir uma frase que eu botei até num Podcast, semana passada: “Pense grande, comece pequeno, aprenda no seu tempo”. Na Lean Inception, em produto digital, em Lean Startup, a gente fala “Pense grande, comece pequeno, aprenda rápido”, mas o meu filho mudou a frase, que isso tem a ver com o crescimento pessoal.

Pensa grande: a gente tem que pensar na nossa carreira grande, começar pequeno e aprenda no seu tempo, respeitando o seu tempo. Se você quer fazer a transição de carreira em um ano, em dois anos, o que você vai fazer respeitando o seu tempo? Aprenda no seu tempo.

A gente não é produto digital. Eu fiquei impressionado, meu filho tem 11 anos, ele mudou a frase e eu falei: como assim você mudou a frase? Era ele conversando com a irmã dele em relação ao estudo para a universidade. E, para a transição de carreira, para o nosso crescimento, a gente tem que pensar grande sim, a gente tem que ter as nossas metas, os nossos sonhos grandes, mas eles são muito longos né.

Então, a gente tem que começar pequeno e aprender ao nosso tempo, respeitando o nosso tempo que a gente quer alcançar. E a gente alcança lá, a vida ela tem muito tempo, o que você quiser você consegue. Essa frase é do João Caroli, hein, essa não é minha não. Isso é um presente para mim, participar da nossa comunidade, estar trocando conhecimento com a gente, com Eric, com vocês. É um prazer para mim estar aqui.

Eric Fer: Turma, a gente vai encerrando nossa live de hoje. Caroli como é que as pessoas podem tipo te encontrar? Como é que elas podem se conectar com você, mandar uma mensagem e tal? Talvez você não tenha tempo, oportunidade de ver conexões de LinkedIn, mas como é que as pessoas podem se conectar do jeito que for possível?

Paulo Caroli: Caroli.org eu estou sempre tentando compartilhar artigo toda semana, podcast, então, tem muito conhecimento ali em Caroli.org, agora não é só o conhecimento que eu compartilho, é eu e vários colegas que estão compartilhando. No LinkedIn, eu sou bastante ativo, e nas redes sociais, eu demoro, mas eu respondo.

Eric Fer: E o LinkedIn é Paulo Caroli mesmo, né?

Paulo Caroli: Paulo Caroli, isso aí.

Eric Fer: Vou compartilhar aqui a opinião de vocês: “A importância das comunidades”, “Um grande destaque”, “Inspiração”, “Mais eventos como esse”, “Vários insights”, “Para mim valeu muito a live, estou iniciando meu processo de transição de carreira e fiquei mais segura”. “Movimento de mercado e crescimento pessoal”. “Motivo de agradecimento”. “Sensacional, praticamente uma masterclass”. “Parabéns, Caroli, grande admiração pelo seu trabalho e representatividade na comunidade”. Caroli, cara, muito obrigado de coração, obrigado pela sua presença, pela sua participação.

Paulo Caroli: Obrigado e gostei da mensagem: eu sou um representante de nós, dessas pessoas brasileiras, agilistas maravilhosos. Parecido comigo tem muita gente boa no Brasil, é até difícil no Brasil a gente tentar falar quem são as pessoas agilistas? São centenas e centenas e você é uma delas né. Você, eu estou olhando para você agora, o Eric e todo mundo que está aqui entrando na carreira seja bem-vinda.

Eric Fer: Muito obrigado, muito obrigado Caroli de coração. A gente vai ficando por aqui, mais uma vez, Caroli, muito obrigado e turma grande abraço para todos. Parabéns, Caroli, eu não tenho a musiquinha de parabéns aqui, mas muita gratidão. Feliz Aniversário, foi um presente para nós o que você está trazendo. Muito obrigado e até uma próxima.

Paulo Caroli: Muito obrigado.

 

E aqui o episódio de hoje. Espero que você tenha gostado. Eu te peço para se inscrever e recomendar esse Podcast na sua plataforma de Podcast preferida, como Spotify e YouTube, e nas redes sociais. Ou, como eu prefiro: recomende aos seus amigos. Assim, você me ajuda com a missão de compartilhar conhecimento sobre as novas relações de trabalho, de forma a contribuir para a transformação de um mundo melhor.

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Notas do episódio:

Episódio 32: “Pense grande, comece pequeno, aprenda no seu tempo”

Caroli.org

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Episódio 53: UX Inclusivo em Prática

Episódio 53: UX Inclusivo em Prática

Neste episódio do Podcast Mínimo Viável, você vai conferir um bate-papo sobre o Treinamento UX Inclusivo em Prática, uma parceria da Caroli.org com a autora Liliane Claudia. A iniciativa foi lançada há poucos dias e é destinada a profissionais que desejam integrar a acessibilidade em seus projetos de UX, com o objetivo de criar experiências acessíveis para usuários com diferentes necessidades sensoriais, cognitivas e físicas. Também participam do episódio, as profissionais Gisele Marques e Isabelle Utsch.

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