Desde 2000, tenho utilizado (e abusado) de metodologias ágeis. A minha primeira sessão numa conferência internacional foi na OOPSLA 2000, em que apresentei o resultado da minha tese de mestrado, algo sobre Orientação e Objetos e Design Patterns. Após minha apresentação, fui fazer tietagem com Kent Beck por admirá-lo nos assuntos de smalltalk e design patterns, e acabei comprando seu novo livro com o título “eXtreme Programming Explained”. Deu-se início um caminho sem volta – estava exposto e infectado pela primeira de muitas metodologias ágeis.
Naquela época eu morava no Vale do Silício e estava trabalhando numa start-up bem legal. Voltei empolgado da conferencia e logo mostrei o livro para o meu gerente da época. Ele riu e disse “Extreme programming… please do not get extreme on our codebase. Be aware of our clients and deadlines”. O livro ficou no meu cubículo (naquela época até start-ups tinham cubículos), e de tempos em tempos eu o mostrava para algum colega de trabalho.
Testes unitários e solitários (somente eu os lia e usava). Integração contínua com meu próprio código (os outros desenvolvedores estavam em suas branches). E assim eram meus dias de trabalho em 2000 e 2001.
Mas eu não estava sozinho. Além de Kent Beck, outros conhecidos estavam falando e escrevendo sobre suas experiências com XP. Ward Cunningham populava a C2wiki, enquanto Martin Fowler compartilhava no seu site. Mais desenvolvedores eram infectados, e compartilhavam suas experiências. E isso se alastrou até os dias de hoje, época em que XP é ensinado em faculdades, e muitas de suas práticas são visíveis em todos departamentos de TI.
Em 2006, entrei na ThoughtWorks e trabalhei com pessoas que participaram do início deste movimento ágil. Por exemplo, ouvi as histórias do Martin sobre o primeiro projeto XP, o C3 (Chrysler Comprehensive Compensation). Vivi e ouvi relatos de experiência sobre a implantações de XP ao redor do mundo. Em 2008 e 2009 constatei que até projetos de outsourcing na Índia estavam usando XP. Bah, mas eu seguia referenciando aquele livro de 2000!
Em 2010, eu ajudei a trazer a ThoughtWorks para o Brasil, abrindo seu primeiro escritório em Porto Alegre. A escolha da cidade não foi somente pelo famoso churrasco, mas sim por admiração ao movimento de XP, e a excelente comunidade já existente. Conheci e aprendi com cada um dos autores deste livro. Daniel, Dionatan, Rafael e Guilherme estão sempre compartilhando conhecimento. Nesta obra, compartilham os valores, práticas e princípios de XP.
Com muito orgulho informo que este livro é um resumo do que há de melhor no mundo atual de desenvolvimento de software.
Boa leitura ,
Paulo Caroli, cofundador da Agile Brazil e consultor principal da Thoughtworks.
